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Data da publicação: quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Postado por Aqipossa Informativo

Década de 30


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No dia 26 de abril de 1931 aconteceu a maior goleada em um Vasco x Flamengo, um inapelável 7x0 para os vascaínos. O adversário, como não poderia deixar de ser, armou uma confusão depois de já estarem perdendo de quatro e Fausto, que não era de levar desaforo para casa, foi expulso junto com um flamenguista.

Os jornais do dia seguinte fizeram questão de diminuir a vergonha rubro-negra com frases como “Não foi a goleada que mereceu comentários, mas a cena de pugilato em que se envolveram Fausto e Penha” ou “Monótono (o jogo), verdadeiro fracasso em termos de association”. Com isso, vemos que 70 anos depois, pouca coisa mudou nas redações cariocas. Somente o Jornal do Brasil disse a verdade sobre a partida, comentando a superioridade técnica dos vascaínos e dizendo que o Vasco comandou a partida do início ao fim.

O primeiro clube brasileiro a ir para a Europa foi o Paulistano em 1925, que pouco depois abandonaria permanentemente o futebol profissional se recusando a deixar de ser amador. Portanto o Vasco, o segundo clube brasileiro a excursionar pelo Velho Continente, foi o primeiro clube, dentre os que ainda tem equipes profissionais de futebol, a fazê-lo. A equipe, reforçada por quatro jogadores de Fluminense e Botafogo, não fez feio. Foram oito vitórias, muitas delas contra os tradicionais Barcelona, Porto, Benfica e Sporting, um empate e três derrotas.

Mas nem tudo foram flores para o Vasco em Portugal e Espanha. Contrastando com o regime semi-amador brasileiro, os europeus há algum tempo faziam ofertas irrecusáveis aos jogadores sul-americanos, notadamente argentinos e uruguaios. As maiores vítimas no Brasil eram os clubes de São Paulo, com seus jogadores brancos de descendência italiana, ou nem tanto, já que muitos falsificavam o passaporte para serem aceitos na “Nova Itália” de Mussolini.

Os clubes cariocas se sentiam livres dessa ameaça até que na excursão vascaína as maiores estrelas do time, o negro Fausto e o mulato Jaguaré, ficaram no Barcelona e não retornaram ao Brasil. Se estas transferências não foram as primeiras de um jogador de cor brasileiro para um clube europeu, foram com certeza umas das. Sem esses jogadores, o Vasco, que até então liderava com folga o campeonato de 31, foi ultrapassado pelo América e perdeu o título. Pior para o presidente Raul Campos, fortemente acusado pela ausência dos craques, que logo depois voltariam ao Brasil e ao próprio Vasco.

O amadorismo marrom no futebol estava com os dias contados. Cada vez mais clubes aceitavam a realidade do futebol profissional e as resistências iam caindo uma a uma, até que em 1933 foi criada a Liga Carioca de Futebol e a era do profissionalismo começou.

O Fluminense, por exemplo, antigo bastião do amadorismo, leia-se negros e brancos pobres de fora do futebol, há oito anos que nada conquistava e encontrou no profissionalismo a sua única chance de sobrevivência. O Flamengo, que a princípio se recusou a participar, em um único dia perdeu dois de seus jogadores e rapidamente mudou de idéia. Dos grandes, somente o Botafogo, campeão de 32 e que queria manter o status quo, não participou da Liga em 1933, permanecendo na AMEA, mas também esse clube não demoraria a adotar o profissionalismo nos seus quadros.

Logo esses clubes contariam com negros e brancos pobres nos seus times, aqueles que antes estavam à margem do futebol. Todos eles seguiram o exemplo do Vasco, o “time subversivo” de 1923 que esses mesmos clubes tanto combateram. Nada como um dia após o outro para mostrar quem estava com a razão.

Com o profissionalismo em vigor, o Vasco armou um timaço em 1934. Mandou buscar Fausto na Europa, do Bonsucesso veio Gradim. Para completar, contratou os dois maiores jogadores brasileiros de então: Domingos da Guia e Leônidas da Silva. Os quatro negros e estrelas do futebol devido ao pioneirismo vascaíno de 1923. Com esse time não poderia haver adversários, era o quarto título carioca do Vasco. O Vasco conquistaria em 1936 mais um título carioca, com um time não tão bom quanto o de 1934, mas que contava com o artilheiro Feitiço, uma lenda do futebol brasileiro dos anos 30.

Em 1937 os presidentes de Vasco e América foram os forjadores da união das duas entidades do futebol carioca e a paz foi estabelecida nos gramados do Rio após cinco anos de divisão. Estava criada a Liga de Futebol do Rio de Janeiro. Para comemorar, Vasco e América se enfrentaram em um São Januário lotado no dia 31 de julho de 1937. Desse jogo em diante, vencido pelo Vasco por 3x2, o embate entre esses dois clubes seria para sempre chamado de  “Clássico da Paz”.

Em uma noite chuvosa, dia 30 de dezembro de 1937, o jogador Arubinha do Andaraí se ajoelhou no gramado, olhou para o firmamento e juntando as mãos rogou sua praga: “Se há um Deus no céu, o Vasco tem que passar onze anos sem ser campeão”. Não satisfeito, Arubinha teria tempos depois enterrado um sapo no gramado de São Januário.

O motivo de sua fúria era que todo time do Vasco, por ter sofrido um acidente de trânsito a caminho do estádio, tinha se atrasado para a partida e os jogadores do Andaraí ficaram lá, sob chuva, a espera do Vasco. Foi um gesto de cortesia, afinal o Andaraí poderia ter pedido os pontos da partida devido ao atraso vascaíno. Mas não o fez e perdeu o jogo por 11 x 0. Na visão de Arubinha o ingrato Vasco precisava ser cobrado por aquilo, seria um ano para cada gol marcado.

Os anos passavam e o Vasco – apesar de montar grandes times – não era campeão. Chegaram a oferecer dinheiro para que Arubinha revela-se a localização do suposto sapo, mas ele dizia que não tinha enterrado coisa nenhuma. A lenda do “sapo de Arubinha” atormentou os vascaínos até o título carioca de 1945, nove anos depois do último, em 1936. Coincidência ou não, esse foi o maior período de jejum de títulos da história do Vasco.

Depois de serem desalojados do seu antigo campo da Rua Payssandu, o Flamengo passou a viver como um desabrigado, jogando onde podia por dez anos, até que construiu seu campo na Gávea em 1938. “Construiu” é figura de linguagem, pois o terreno onde foi erguido o tímido “estádio” foi obtido através de doação da Prefeitura do Rio de Janeiro. Somente essa história já é motivo de riso para os vascaínos que fizeram um gigante chamado São Januário sem ajuda de ninguém. Porém o melhor ainda estava por vir. Os felizes proprietários do novo “estádio” – que atualmente não é apto para uma disputa de futebol profissional – tiveram a brilhante idéia de inaugurá-lo justamente no jogo contra o Club de Regatas Vasco da Gama. Resultado na estréia do “Estádio da Gávea”: 2 x 0 para o Vasco e crise no Flamengo. O que mais o vascaíno poderia querer?

Para fechar com chave de ouro a história do Vasco com esse diminuto “estádio”, nunca é demais lembrar que os flamenguistas conseguiram a façanha de serem fregueses em seu próprio domínio: são sete vitórias cruzmaltinas contra seis rubro-negras. Levando em consideração que é mais fácil fazer um boneco de neve em Ipanema do que o Vasco voltar a disputar um jogo em local tão deplorável para a prática do futebol, esta freguesia ficará inalterável para sempre.

Poucos sabem que o termo “gandula” teve sua origem graças a um jogador vascaíno. Era o argentino Bernardo Gandulla, meia habilidoso que veio do Boca Junior para o Vasco em 1939, um dos muitos platinos que atuaram no Vasco entre o final da década de 30 e começo da de 40. Gandulla tinha como hábito pegar as bolas que saiam e trazê-las para o campo de jogo, inclusive se o lateral ou escanteio fosse a favor do adversário. Esse fato marcou tanto o futebol carioca, e depois o brasileiro, que o nome de Gandulla virou sinônimo de quem exerce essa função.

O argentino sairia do Vasco um ano depois, mas seu nome, e a reboque o nome do clube, ficariam para sempre na gíria do futebol brasileiro.

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