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Data da publicação: quarta-feira, 3 de março de 2010
Postado por Aqipossa Informativo

Tetra Tri-Vice

O torcedor Sérgio Fernandes Baltoré narra suas lembranças do jogo e as coincidências do título mais aguardado pelo Botafogo no final dos anos 80: Botafogo campeão invicto de 1989. Era o quarto TRI-Vice da história do Flamengo, com Zico, Bebeto e Cia.


Maurício. Gol do Botafogo em 21 de Junho de 1989

Ficha Técnica
Botafogo 1 x 0 Flamengo
Data: 21/06/1989 - Local: Maracanã (Rio de Janeiro) - Árbitro: Válter Senra
Público: 56.412 - Gol: Maurício aos 12 minutos do 2º tempo

Botafogo: Ricardo Cruz, Josimar, Wilson Gotardo, Mauro Galvão e Marquinhos, Carlos Alberto, Luisinho, Victor e Paulinho Criciúma, Maurício e Gustavo (Mazolinha).
Técnico: Valdir Espinosa.

Flamengo: Zé Carlos, Jorginho, Aldair, Zé Carlos II e Leonardo; Aílton, Renato Carioca e Zico (Marquinhos), Alcindo (Sérgio Araújo), Bebeto e Zinho.
Técnico: Telê Santana.

O JOGO (e o QUARTO TRI-VICE DO FLA)


Campeonato Carioca de 1989. Dia 21 de Junho. Lá se iam 20 anos sem um título. Com 27 anos de idade, 22 só de Maracanã, ainda não havia comemorado um campeonato do Fogão. Saí de casa às 19:00 horas, bem cedo com dois vizinhos Botafoguenses moradores do prédio. Ambos tinham mais de 40 anos e já tinham visto os títulos de 61/62 e 67/68. Mesmo assim, os 20 anos estavam entalados na garganta. O grito de “Campeão” era por demais esperado.

O clima do jogo era favorável ao Fogão, invicto na competição, ganhador do segundo turno, precisava de uma vitória simples para espantar a praga do sofrimento. Não agüentava mais ouvir a contagem regressiva dos torcedores adversários e o canto de “Parabéns pra você”.

A torcida do Flamengo, parecendo adivinhar o que iria acontecer, não compareceu em grande número, mas a do Glorioso Alvinegro foi em massa. Às 20:00 horas não havia mais espaço na torcida do Botafogo, todo mundo espremido e aguardando o início daquele que seria o jogo da minha vida.

O time do Bota era composto por jogadores de muita raça, treinados por um técnico com estrela. Valdir Espinosa já havia sido Campeão Mundial com o Grêmio, mas o desafio de tirar o Botafogo da fila foi o ingrediente para o treinador gaúcho. No time, o Goleiro Ricardo Cruz, o menos vazado do campeonato, o capitão Mauro Galvão, o melhor zagueiro do Brasil naquela época, o zagueirão e líder Wilson Gottardo, os meias Carlos Alberto, Luisinho e Vítor, o oportunista Paulinho Criciúma e o melhor ponta direita do país, Maurício. O Botafogo tinha o maior número de pontos, a melhor defesa e estava INVICTO. O otimismo era TOTAL. A torcida alvinegra soltou um URUBU, e o bicho voou para a torcida adversária. O mau agouro foi para o lado oposto. (Juntou-se com os irmãos)

A entrada do time em campo foi uma festa alvinegra, parecia que a multidão estava apenas esperando o tempo regulamentar acabar, para dar fim ao sofrimento. Um balão branco em forma de Estrela subiu e ficou planando na noite sob o Maracanã iluminado, parecendo que os deuses do futebol estavam ali, dispostos a tirar a torcida do Fogão do martírio. O Flamengo tinha um timaço, Bebeto, Zico, Renato, Aldair e outros grandes jogadores, treinados por nada mais nada menos que o mestre Telê Santana.

O jogo começa e o 1º tempo se arrasta com poucas oportunidades para ambos os lados ficando no 0x0. A tensão e as batidas do coração são fortes. No intervalo, começa-se a reparar em algumas coincidências. Se o Botafogo não ganhasse o título, iria completar 21 anos de espera. O dia era 21 de junho, data do TRI, no México, o placar eletrônico informava que a temperatura no estádio era de 21 graus. O Botafogo iria atacar para o lado de sua torcida no 2º tempo.

Nílton Santos foi ao vestiário e disse à Maurício - que quase sai do jogo por contusão - que Mané Garrincha iria ajudar, que ele voltasse ao campo para a vitória. Dito e feito. O melhor lateral esquerdo do mundo, pediu ajuda ao melhor ponta direita de todos os tempos e como uma profecia, o desejo se tornou realidade.

Começa o 2º tempo e o Botafogo parte pra cima, só a vitória interessa. Mazolinha, com a camisa 14, entra. No 21º lançamento para a área do Flamengo, aos 12 minutos de jogo (21 invertido), Mazolinha (14) cruza para Maurício (7) - a soma dá 21 - e é GOL . É o gol da GLÓRIA, da alegria, da vitória e do alívio. É também o GOL do choro e da emoção. Chorei de alegria, abraçado aos colegas do prédio, também chorosos. A torcida se abraçava. O choro era geral, incontido e irrestrito. O foguetório, as bandeiras tremulando, a LUA em cima do Maracanã parecendo ver e gostar do jogo e as câmeras de televisão filmando o Balão branco em forma de estrela, uma ESTRELA SOLITÁRIA a iluminar a glória que estava por vir.

O jogo segue e o Botafogo não dá chances ao adversário. A torcida do Flamengo se cala e começa a ir embora, Zico sai machucado e a defesa do Fogão está firme. Bebeto e Renato não vêem a cor da bola. Mauro Galvão comanda, Maurício azucrina lá na frente e a torcida reza, reza para o juiz apitar o fim da partida. Aos 40 minutos, aproximadamente, Criciúma coloca uma bola na trave e a defesa começa a chutar para todos os lados. A lateral do campo é tomada por alvinegros, o hino é cantado, começa o Grito de "É CAMPEÃO" entalado há quase 21 anos.

Torcedores da geral acendem velas e a emoção corre nas minhas veias. O jogo acaba e os jogadores Vítor e Criciúma se ajoelham e levantam os braços. Não vejo mais nada. Fecho os olhos e agradeço ao Senhor dos Céus. É o dia mais feliz da minha vida. Acabou o pesadelo. Enfim, chega o momento mais esperado: o da GLÓRIA. Não há como descrevê-lo, apenas senti-lo. Só o Botafogo, proporciona momentos como este. Seus títulos são sofridos e por isso a alegria é redobrada. O time levanta a Taça. Foram usados 12 (21 invertido) jogadores na partida. A Galera, ironicamente, canta o PARABÉNS PRA VOCÊ. Comemoro até as 05:00 horas da manhã. O dia seguinte, uma quinta-feira, e não tenho condições de trabalhar. Para mim, é FERIADO. O Chefe, tricolor, aceita minhas justificativas. Esta história é verdadeira, mas para o Glorioso de General Severiano e sua fanática Torcida parece uma história encantada, onde a ESTRELA SOLITÁRIA, conduz lá do alto.


"Glória da Estrela Solitária" Por Sérgio Fernandes Baltoré.
 
Paulinho Criciúma e Vítor ajoelhados - Comemoração do título de 1989 do Botafogo

Capa do Jornal do Brasil do dia seguinte ao título do Botafogo de 1989

Placar do Maracanã - Botafogo campeão estadual de 1989

Foto do time do Botafogo campeão carioca invicto de 1989


Última revisão e considerações em 26/09/2017

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