Data da publicação: quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Postado por Aqipossa Informativo
Década de 1910 - Parte I
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1911 - Nesse ano o Vasco conquista o primeiro título fora do remo ao se tornar campeão carioca do tiro ao alvo, esporte na época muito valorizado na cidade. Tendo começado pelas regatas, o Vasco inicia sua verdadeira vocação de ser um vitorioso clube multiesportivo e não apenas de campeões de remo. Essa característica, no futuro, seria responsável pela permanência do Vasco no cenário esportivo mundial, ao passo que a maioria dos clubes de remo, alguns tão vitoriosos como o cruzmaltino na época, pereceram vitimados pela incapacidade de se adaptar as mudanças esportivas que brevemente ocorreriam.
A lendária Íbis - 1912
A Yole 2 “Íbis” foi mais do que um barco, foi uma lenda. O remo vascaíno, do Oito-Com “Eurico Miranda” que por anos permaneu invicto, no começo do século XX tinha na Íbis, que estreou em julho de 1912, a sua estrela maior. De fina fabricação italiana, a embarcação da época do tri campeonato de remo tinha um status maior do que os próprios barcos que venceram as provas que valeram os títulos. Nas comemorações dessas conquistas, a Íbis era carregada nos ombros dos vascaínos da Praça XV, em meio a grande festa, até a sede de Santa Luzia, ao passo que todos os outros barcos voltavam por mar.
Tal prestigio era justificado por uma série de dezenove vitórias consecutivas, feito incrível para a época. Sua grandeza chegou ao ponto de os remadores rivais disputarem uma glória maior do que o próprio campeonato: vencer o barco invencível. A Íbis, para os vascaínos, era o próprio clube na água, tamanha a identificação que a torcida tinha com ela. Quando finalmente perdeu, cinco anos depois, após uma largada desastrosa, sua derrota foi motivo de destaque nos jornais da época e motivo de profundo pesar nos vascaínos, a ponto de José da Silva Rocha – o grande vascaíno escritor do livro que serve de base para esse texto – declarar que quase 60 anos depois do ocorrido ainda se emocionava lembrando-se do fato. Após esse revés, a Íbis ainda ganharia 33 páreos.
Novamente campeão – 1912
Desde 1906 o Vasco não ganhava o campeonato de remo. Durante esse período de jejum vários remadores campeões tinham saído do clube e na política era difícil a transição entre a geração dos fundadores e os novos valores que chegavam. Mas em 1912 esses problemas ficaram para trás e o Vasco iniciou a série de três campeonatos consecutivos - feito então inédito para qualquer clube - que o colocou na posição que ocupa até hoje: a de maior campeão do remo.
A semente do futebol vascaíno - 1913
Foi a prestigiada excursão de um selecionado português ao Rio de Janeiro em 1913 que despertou na colônia lusa o desejo do futebol, como conseqüência dessa visita foram criados pelos portugueses alguns clubes para a prática do esporte que contagiava a cidade. Um destes foi Lusitânia S.C., que teria grande relevância para o Vasco dois anos depois.
Perto do tri – 1913
No ano seguinte o Vasco continua sua caminhada para a máxima glória da época e a guarnição da nova yole “Pereira Passos” é reforçada. Em 10 de agosto o bi campeonato é conquistado pelos remadores: Rodolfo Campos Póvoas (timoneiro), José Hipólito Lima Filho, Serafim Ribeiro, Albano Pereira da Fonseca, Joaquim Carneiro Dias, José Carvalho Guimarães, Claudionor Provenzano, Júlio da Mota e Silva e Joaquim Cunha Cardoso.
O desespero dos rivais - 1914
A fama do clube cresce cada vez mais e surge o convite para uma regata em Santos, a hegemonia atravessa o Rio de Janeiro e são conquistadas três vitórias nas três provas disputadas. Esses sucessos novamente incomodaram aqueles que, incapazes de vencer o Vasco na água, armavam na Federação de Remo maneiras de derrotá-lo. A eminência do inédito tri campeonato assustava os medíocres. Sob alegação que o remador Claudionor Provenzano não era amador, a Federação o exclui das regatas de 1914. O mesmo remador já havia sido excluído em 1912, baseado no mesmo argumento, quando defendia o Boqueirão do Passeio. Era a reação de uma Federação dominada por clubes da elite, como Flamengo e Botafogo, buscando enfraquecer as agremiações mais modestas do centro da cidade, que ganhavam a maioria absoluta dos campeonatos.
“En Avant”, um título para a história – 1914
O Vasco estava mesmo destinado a grandes glórias. Sendo um dos últimos grandes clubes de remo a serem fundados, dezesseis anos depois estava consolidado como o maior deles. Era o tricampeonato de remo, título inédito que também garantiu a posse definitiva do troféu “En Avant”, assinado pelo mestre francês Antoine Bofill. A guarnição histórica da “Pereira Passos”: Lucindo Saroldi (timoneiro), Joaquim Carneiro Dias, Serafim Ribeiro, José de Carvalho Guimarães, Nelson Ribeiro, Antônio Taveira de Magalhães, Claudionor Provenzano, Julio da Mota e Silva e Antonino Costa.
Rivais: os remadores do Vasco são invencíveis - 1915
Conformados com a impossibilidade de derrotar os remadores vascaínos tricampeões, a elite carcomida – representada pela Federação de Remo – apelou para a única solução que finalmente os faria ganhar o campeonato: passaram a chamada lei “Hors Concours”, o que significava excluir da prova máxima qualquer remador que tenha dois ou mais títulos de campeão. Ora, obviamente só os clubes campeões foram afetados, particularmente o campeoníssimo Club de Regatas Vasco da Gama, ao passo que os clubes inexpressivos foram os únicos beneficiados. Foi assim, através dessa manobra suja, que o C.R Flamengo pôde em 1916, depois de mais de uma década e meia de fundação, ser pela primeira vez campeão de remo. Como se vê, não há nada de novo na história, ela apenas se repete. Outra prova disso é a recorrente “miséria patrimonial” do referido clube. Na prova do campeonato de 1915, que foi vencida pelo Guanabara, eles pediram emprestado a yole bicampeã “Pereira Passos” para seus remadores. O clube citado simplesmente não tinha um barco apto a disputar o campeonato de remo.