Data da publicação: sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Postado por Aqipossa Informativo
Filtração - Básico
Em http://www.aquahobby.com
Em um ecossistema semi-aberto como um aquário, onde são constantemente introduzidas porções de matéria orgânica (alimentos, plantas, peixes, microorganismos, etc.), o consumo dos alimentos e nutrientes por parte dos seres vivos gera uma “carga” de dejetos poluidores que tendem a se acumular ao longo do tempo, causando um desequilíbrio orgânico, físico e químico no meio. Ou seja, a água do aquário é gradativamente poluída por seus próprios ocupantes, tendendo a ficar turva, carregada de substâncias químicas nocivas (nitritos, nitratos, amônia, fosfatos...), povoada com algas indesejáveis, com o pH alterado, etc.
Para contrabalançarmos esses efeitos precisamos intervir para eliminar os detritos e compostos indesejáveis acumulados da melhor maneira possível. Para essa tarefa, um dos melhores recursos com que o aquarista pode contar é o filtro.
Filtração por Gravidade
Pouco utilizado em aquarismo, consiste em introduzir o líquido pela parte superior do recipiente filtrante e deixá-lo escoar através das camadas filtrantes por ação da gravidade. Bastante econômico operacionalmente, é um filtro de ação relativamente lenta, cuja velocidade de filtração depende essencialmente da altura da coluna d’água acima do elemento filtrante, (normalmente areia é utilizada para esta finalidade), da granulometria do mesmo e, claro da quantidade de material em suspensão no líquido que, ao ser retirado, vai gradualmente “entupindo” o filtro, exigindo limpezas periódicas.
Por sua praticidade e baixo custo, esse tipo de filtro é utilizado largamente em estações de tratamento de água para consumo humano, onde a filtração em larga escala se torna necessária. A sua ação é basicamente física, retirando do líquido matéria sólida em suspensão (detritos). Um outro exemplo bastante simples e corriqueiro deste tipo de filtro é o filtro de café, feito com um funil de papel ou coador de pano.
Filtração por Circulação Forçada
Este tipo de filtração consiste em “forçar” a passagem do líquido através das camadas filtrantes por meio de bombeamento, para aumentar a velocidade da operação. Este é o principal método utilizado em aquarismo, onde é necessário uma boa capacidade de filtração em pouco espaço, com equipamentos de porte relativamente pequeno, e também uma boa facilidade de controlar ou intervir no filtro a qualquer tempo.
A capacidade final de filtração obtida por este processo depende do poder de compressão da bomba ou estação de bombeamento para gerar o fluxo do líquido, da altura da coluna d’água, e da permeabilidade total da(s) camada(s) de filtração utilizada(s).
Filtração Física (ou Mecânica)
Muito da amônia gerada em um aquário se origina da decomposição de matéria orgânica (restos de comida, excrementos, urina, microorganismos, etc). Se pudermos retirar os detritos do sistema em seu estado macroscópico, antes que comecem a se decompor, estaremos contribuindo antecipadamente para a limpeza química do meio.
A Filtração Física consiste em retirar as impurezas macroscópicas (orgânicas e inorgânicas) existentes em suspensão na água do aquário pelo método simples de passá-la através de um “coador”. Este tipo de filtração não é capaz de retirar bactérias e plâncton de reduzidas dimensões, e muito menos substâncias químicas dissolvidas na água.
Diversos materiais podem ser utilizados nessa etapa, tais como esponjas, cartuchos de papel ou fibra, e mantas de material sintético, sendo o mais difundido e utilizado atualmente o Perlon, que pode ser utilizado em camadas, sacos, etc., acomodando-se aos mais diversos tipos de filtro e espaços disponíveis para acomodar esta “camada” da filtração. Trata-se de um material neutro, não interferindo com as características químicas da água, quer pela retirada que pela adição de elementos.
Podemos utilizar mantas de lã acrílica do tipo usado para o estofamento de móveis em lugar do perlon, para a filtração física. Este material deve ser limpo a cada 15/30 dias dependendo da capacidade do filtro e do volume do aquário, e trocado a cada 3 meses aproximadamente. Obviamente, dependendo das condições locais, este espaçamento entre as datas de manutenção poderá ser modificado.
Nunca deveremos utilizar a lã de vidro verdadeira em filtros, pois esse material solta “farpas” afiadas (virtualmente invisíveis na água), que representam um sério risco de ferimentos para os peixes.
Filtração Biológica
Esta é a denominação que se dá às ações nitrificantes e desnitrificantes proporcionadas pelas colônias de bactérias, fundamentais para a saúde do mini ecossistema. Conjuntamente, as bactérias existentes no aquário (paredes, substrato, plantas, água, etc.), e no filtro biológico atuam permanentemente de modo a manter em equilíbrio o meio que, sem sua presença rapidamente se tornaria inabitável.
Existem na Natureza vários tipos de bactérias capazes de decompor a amônia em compostos menos tóxicos (Nitritos e Nitratos). Elas existem naturalmente no meio ambiente (substrato, plantas, água, etc.), e não necessitamos nos preocupar em adicioná-las a nossos aquários. A própria natureza se encarregará disso para nós. Bastará deixar um aquário recém montado em repouso (com a circulação de água ativa) por algum tempo, que as colônias de bactérias crescerão e se estabelecerão naturalmente por toda a parte, prendendo-se em paredes, cascalho, rochas, plantas, nos elementos do filtro, enfim em toda e qualquer superfície submersa (até nos próprios peixes e outros organismos).
Estudos recentes mostram que a absorção da amônia pelas plantas aquáticas é muito mais rápida que a absorção dos nitratos, existindo essencialmente uma competição entre plantas e bactérias pela amônia dissolvida. E que as plantas necessitam basicamente desdobrar nitritos e nitratos em amônia que será então absorvida.
As colônias de bactérias necessitam essencialmente de um local para se fixarem, e nutrientes (Nitrogênio e Oxigênio) para viver. Para a fixação das colônias de bactérias, são utilizados com freqüência anéis de cerâmica porosa ou também as bio-balls, que proporcionam uma grande superfície (externa e interna) possibilitando o estabelecimento de grandes quantidades de colônias de bactérias.
Para a filtragem biológica, podemos substituir os anéis de cerâmica, ou as bio-balls, por pedaços (cacos) de cerâmica porosa, obtidos a partir de velas de filtro quebradas (porém não devemos usar as que têm prata em suas paredes internas, pois este é um elemento, prejudicial ao desenvolvimento das colônias de bactérias). Durante a manutenção do filtro deve-se procurar manter úmidos os seus componentes (anéis, cacos de cerâmica, etc.), mantendo-os mergulhados em água, (de preferência retirada do próprio aquário).
Podemos também utilizar mantas de espuma de malha aberta, do tipo utilizado em filtros de aparelhos de ar-condicionado, como elemento de fixação das colônias (na manutenção esta espuma deve ser lavada apenas com água desclorada, e não muito ativamente, para não prejudicar as colônias).
Nunca devemos trocar integralmente (a menos em caso de acidentes por contaminação bacteriana), todos os elementos da filtragem biológica ao mesmo tempo. Quando necessário é recomendável fazer a troca por partes (duas trocas de 50% em 30 dias, ou três de 33% com intervalo de 15 dias). Não mais utilizar os FBF (Filtros Biológicos de Fundo), considerados hoje mais como causadores de complicações do que utilidade.
A filtragem biológica é normalmente feita após a filtragem física, dessa maneira as colônias de bactérias receberão uma água já livre de detritos, para “trabalhar”, reduzindo-se assim o risco de entupimento dos poros dos elementos de cerâmica.
A filtração biológica ocorre a uma velocidade relativamente lenta comparada com os outros métodos. Assim sua utilização de modo isolado limitaria bastante a quantidade de peixes que poderíamos colocar no ambiente. Por isso ela é normalmente complementada por outros tipos de filtração que reforçam a capacidade de estabilização do meio.
Amanhã, veja a continuação desta matéria.