Rede Record - Cartolas: Jogo sujo - Sexta parte
Blatter distribui R$ 1,2 bilhão para se perpetuar na Fifa.
Investigação da Justiça suíça pode escancarar corrupção na entidade.
O escândalo pode respingar até no presidente da entidade, Joseph Blatter, que seria conivente com as negociatas. Eleito no início do mês para seu quarto mandato, o suíço usa o poder financeiro do órgão para se perpetuar no poder.
Nos últimos quatro anos, a Fifa declara ter dado US$ 794 milhões (R$ 1,2 bilhão) para as federações nacionais ou projetos ligados a elas. E, neste mandato, Blatter promete distribuir quase R$ 1,6 bilhão.
O jornalista suíço de origem angolana Jean-François Tanda luta na Justiça para ter acesso a documentos que provam que os brasileiros João Havelange, ex-presidente da Fifa, e seu ex-genro Ricardo Teixeira, presidente da CBF ,pagaram multa de R$ 10 milhões para se livrar de processo na Justiça suíça por recebimento de propina. Em troca, os nomes dos dois dirigentes teriam sido mantidos em sigilo.
Segundo Tanda, "esse tipo de acordo só é possível quando as partes concordam que fizeram algo que pode ser investigado criminalmente." na prática, equivale a uma confissão de culpa.
Um advogado revela que B3 seria Havelange. Ele declara que o cliente não pode ter o nome revelado porque já não exerce funções na Fifa. Além disso, a repercussão na mídia poderia prejudicar sua frágil saúde. O perfil que se encaixa no ex-presidente da Fifa, de 95 anos.
Depois que Tanda entrou com a ação, empresas de comunicação da Suíça, a BBC e o jornal The New York Times também requisitaram a divulgação do relatório.
A Justiça já deu ganho de causa a ele duas vezes, mas os advogados da Fifa sempre entram com recursos para não liberar as informações.
Segundo Tanda, em outubro do ano passado, a instância mais alta da Justiça do país liberou o conteúdo de outro inquérito, contra um ex-chefe do Exército suíço, que também havia feito um acordo de sigilo.
A decisão deste caso pode vir a público no final do ano que vem, dois anos antes da Copa do Mundo no Brasil, organizada por um dos investigados, Ricardo Teixeira. É a acusação mais séria que enfrenta o presidente da CBF também alvo de outras denúncias.
O cartola também foi denunciado por um jornal da Noruega de ter se reunido com um cambista para participar de um esquema de venda de ingressos na Copa da Àfrica do Sul, em 2010.
Para João Havelange, os problemas já começaram. O Comitê Olímpico Internacional vai abrir uma investigação sobre o brasileiro, que pode até ser expulso da entidade.
O dinheiro faz diferença. Blatter conquista a fidelidade dos presidentes das federações. E são eles que aprovam as contas e elegem o chefão da Fifa. Cada federação conta um voto.
No dia 1º de junho, Joseph Blatter se reelegeu com o apoio de 90% dos votantes.
Blatter inicia seu quarto mandato pressionado pelos patrocinadores a limpar a casa. O curioso, segundo jornalistas especializados nos bastidores da Fifa, é que o próprio dirigente pode ser vítima dessa limpeza.
Para Jean-François Tanda, a divulgação da investigação vai desmascarar o dirigente.
Se os reinados de Joseph Blatter, Ricardo Teixeira e João Havelange estão com os dias contados, o tempo e a Justiça da Suíça têm a resposta.
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