Ao longo da vida aprendi que achar a medida certa das coisas é uma arte! Se achamos que nada pode ser mudado, nos conformamos com a vida como ela é, e nada muda. Se queremos mudar o mundo a qualquer custo, vamos quebrar a cara, ficar desapontados e desanimados e nada será transformado. Se uma pessoa tem uma baixa auto-estima, fica deprimida e não vive. Se tem uma auto-estima excessiva, "se acha" (ou se "tem certeza"!) e é capaz de passar por cima dos outros para realizar seus desejos. As maiores tragédias da humanidade aconteceram por esta falta de noção sobre os limites de onde podemos ou não podemos ir. O nazismo e os EGOS exagerados de Hitler e Stálin estão aí para confirmar.

O futebol desperta paixões e muitas vezes estes limites são ultrapassados. Quando o atual treinador do Vasco, Ricardo Gomes, teve um AVC, em pleno estádio do Engenhão, a maior torcida organizada do Flamengo (a Raça) puxou um coro terrível: UHU! VAI MORRER!!!

Não foi só um deslize ou uma piada de mau gosto. Foi uma demonstração egóica, de alguém que se acha superior a todos os outros. Estas demonstrações de desprezo pelo que é humano, infelizmente, não são privilégio de uma só torcida ou de cidadãos sem educação. Nossa imprensa, que se pretende séria e formada por jornalistas "profissionais", infelizmente, é profícua em exemplos de jornalismo marrom.

As capas dos jornais EXPRESSO e MEIA-HORA desta segunda-feira 05 de dezembro são um claro exemplo de JORNALISMO MARROM. Os dois jornais, supostamente, estavam "gozando" o Vasco por ele ter sido vice-campeão. Em primeiro lugar não acho que a trajetória do Vasco no campeonato justifique a gozação. Ao contrário, foi um time vencedor, que reacendeu o orgulho de sua torcida. Esta era a matéria jornalística. Mas mesmo que os jornais quisessem "fazer graça", erraram completamente a mão! Falar, como o MEIA-HORA, que "Ah! Pulaê! Vai ser vice até morrer!", lembra muito a "piada" de mau gosto da Raça quando o Ricardo Gomes estava sendo transportado para a ambulância! É a mesma tentativa de menosprezar e reduzir o adversário a um ser desprezível, abjeto. E um ser deste tipo não é "humano" e, portanto, pode morrer!

Claro que não se trata de ser contra as "gozações". Elas são, muitas vezes, saudáveis e divertidas. Mas existe um limite após o qual, perdemos o respeito e criamos um ambiente favorável à violência e ao desprezo por tudo o que é humano. Os flamenguistas, com sua mania de se acharem acima do bem e do mal, costumam chamar quem não é flamenguista de "torcida arco-íris". Hoje tivemos mais uma demonstração eloquente das cores da imprensa arco-íris: elas são preta, vermelha e MARROM!!!!

Marcos Cavalcanti

Original na própria Organização Globo:

http://oglobo.globo.com/blogs/inteligenciaempresarial/posts/2011/12/05/a-imprensa-arco-iris-preto-vermelha-marrom-420153.asp

Além disso, muitas outras provocações foram vistas pelas ruas. Nada mais normal. O torcedor é assim mesmo. Mas o que não pode é mídia jornalística incitar isso. Durante todo o dia o site da Globo.com, líder disparada das organizações FlaPress, deixou na primeira janela do seu site, a provocação do rubro-negro sobre os vascaínos na varanda do prédio onde moravam.

Mas não mostrou a reposta de um vascaíno que tirou a foto da varanda e fez uma montagem. Mas a montagem era uma resposta ao flamenguista. Por acaso você viu isso na primeira janela da Globo.com? Não. Mas a imagem é da própria Globo, que preferiu usá-la somente dentro da matéria pra quem clicasse e não pra que todos vissem.

O AQIP parabeniza todos os vascaínos, pela melhor campanha do Brasil em 2011. Nem o facilitado título do Corínthians tem mais mas volume que a campanha do Vasco esse ano. Campeão da Copa do Brasil, vice campeão do Brasileirão e semifinalista da Sulamericana. Isso, ao mesmo tempo.

Enquanto que para alguns torcedores, vermelho e pretos, o dia foi de alegria por poder expressar sua própria incapacidade ao ver que o rival foi vice. Mas vibrar com uma tristeza do inimigo, não é novidade. No Estadual de 1923, o estreante Vasco da Gama já era campeão por antecipação. A única coisa que lhe podia ser tirada era invencibilidade. E numa cagada histórica, o Urubu conseguiu vencer a partida por 3X2, como sempre com a providencial ajuda da arbitragem. Foi o suficiente pra eles saírem em passeata das Laranjeiras, onde foi disputada a partida, comemorando como se fosse um título. Tinham sido vice-campeões e estavam felizes por terem tirado apenas a invencibilidade do Vasco.

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