Especial E Agora, José? vai ser publicado novamente
A primeira grande obra, também foi a estréia: E agora, José? teve 9 capítulos.
Você vai ver o Especial E Agora, José? que será publicado novamente. Se já leu, vai ler de novo, porque mais de dois anos se passaram, mas o Especial continua atual.
E Agora, José? é um bate papo entre o Aqipossa (Axlace + Lorismario) e um flamenguista, iludido, vai percebendo com o tempo, o quanto foi enganado pela FlaPress.
Conheçam José. Um flamenguista.
Um “ninguém” ludibriado pelas aparências escolhidas a dedo pela FlaPress para que ele se transforme em “alguém”. Mas um alguém que ajude a aumentar a população de alienados e manipulados que farão a maior “nação” do país acreditar num mundo de fantasias.
José não dorme, não cansa, não morre, ele é duro, apenas segue. Sua dureza é o que existe e tudo mais é o “nada” no qual ele se funde. Chama-se a atenção para o caráter construtivo que o existencialismo dá à categoria “nada”, ele é o inexistente, mais traz em si o “por fazer”.
Escrito durante a Segunda Guerra Mundial e da ditadura de Vargas, José, apesar da dureza, ainda tem o impulso de continuar seguindo. Mesmo sem saber para onde: “...Você marcha, José! José, para onde?”
José
E agora, José?
A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? E agora, você? Você que é sem nome, que zomba dos outros, você que faz versos, que ama, protesta?
E agora, José?
Está sem mulher, está sem discurso, está sem carinho, já não pode beber, já não pode fumar, cuspir já não pode, a noite esfriou, o dia não veio, o bonde não veio, o riso não veio, não veio a utopia e tudo acabou e tudo fugiu e tudo mofou, e agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra, seu instante de febre, sua gula e jejum, sua biblioteca, sua lavra de ouro, seu terno de vidro, sua incoerência, seu ódio - e agora?
Com a chave na mão quer abrir a porta, não existe porta; quer morrer no mar, mas o mar secou; quer ir para Minas, Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse, se você gemesse, se você tocasse a valsa vienense, se você dormisse, se você cansasse, se você morresse… Mas você não morre, você é duro, José!
Sozinho no escuro qual bicho-do-mato, sem teogonia, sem parede nua para se encostar, sem cavalo preto que fuja a galope, você marcha, José!
José, pra onde?
Carlos Drummond de Andrade