Data da publicação: segunda-feira, 12 de julho de 2010
Postado por Aqipossa Informativo
João Saldanha
João Alves Jobin Saldanha nasceu em Alegrete em 1917 e faleceu em Roma dia 12 de julho de 1990. Hoje fazem dez anos de sua morte. Foi um jornalista e treinador de futebol brasileiro. Ele levou a Seleção Brasileira a classificar-se para a Copa do Mundo de 1970.
Saldanha nasceu no Rio Grande do Sul, mas mudou-se para o Rio de Janeiro quando tinha catorze anos. Seu apelido era João Sem Medo e jogou futebol profissionalmente por uns poucos anos no clube carioca do Botafogo. Formou-se em Direito pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil, atual UFRJ. Estudou Jornalismo e se tornou um dos mais destacados escritores de esportes, antes de se tornar comentarista no rádio e na televisão. Como um jornalista esportivo, ele frequentemente criticava jogadores, técnicos e times de futebol, e foi um membro do Partido Comunista Brasileiro.
Em 1957, o Botafogo, seu clube de coração, contratou-o como seu técnico, apesar de sua total falta de experiência. O clube ganhou o campeonato estadual daquele ano. Em 1969, ele foi convidado a se encarregar da seleção nacional. O Presidente da CBD - Confederação Brasileira de Desportos, João Havelange alegou que o contratou na esperança de que os jornalistas fizessem menos críticas à seleção nacional, tendo um deles como técnico.
Na Copa do Mundo de 1966, uma das principais críticas da imprensa era a falta de um time-base. Saldanha tentou resolver esse problema e convocou um time formado em sua maioria por jogadores do Santos e do Botafogo, os melhores times da época; e os conduziu a 100% de aproveitamento em seis jogos da fase de qualificação. De uma frase sua, quando teria dito que convocaria somente "feras", surgiu a expressão As feras do Saldanha para designar aquela seleção. Graças ao seu trabalho, a seleção brasileira reconquistaria a auto-estima e a confiança do torcedor, que tinha perdido depois da pífia campanha na Copa do Mundo de 1966.
Apesar das vitórias, Saldanha foi publicamente criticado por Dorival Knipel, o Yustrich, treinador do clube carioca Flamengo. Saldanha respondeu ao confronto brandindo um revólver. Também havia rumores de que não entendia de preparação física, havendo alguns desentendimentos com a comissão técnica sobre a condução dos treinamentos.
O time de Saldanha, que deu show nas Eliminatórias contra Venezuela e Paraguai, com a dupla Tostão e Pelé, estava mesclado com jogadores do Santos, Botafogo e Cruzeiro, os três grandes da época. Foi uma grande jogada de Saldanha. Usou o entrosamento dos jogadores em seus respectivos times e atuava num 4-2-4 bem montado. O time brasileiro de Saldanha era: Cláudio; Carlos Alberto Torres, Djalma Dias, Joel e Rildo; Piazza e Gerson; Jairzinho, Tostão, Pelé e Edu.
Embora muito se disesse à época que Saldanha foi retirado do comando da seleção por causa da sua negativa em selecionar jogadores que eram indicados pessoalmente pelo presidente Emílio Garrastazu Médici, em particular o atacante Dario Maravilha, foi constatado posteriormente que tal fato em verdade não ocorreu, limitando-se o então presidente, na qualidade de torcedor, a sugerir a convocação de Dada.
Saldanha retornou ao jornalismo e continuou a criar algumas das mais famosas citações da história do futebol brasileiro, como: "o futebol brasileiro é uma coisa jogada com música". Ele morreu em Roma, em 1990, onde foi cobrir naquele ano a Copa do Mundo para a Rede Manchete. Até hoje não se sabe a razão. Fontes mais seguras dizem que Saldanha morreu de um enfisema pulmonar, devido ao vício tabagista.