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Data da publicação: quarta-feira, 5 de maio de 2010
Postado por Aqipossa Informativo

Ademir Menezes



Na decisão do Campeonato Carioca de 1950, a torcida do Vasco praticamente lotava a arquibancada do Maracanã. Ao final do jogo contra o America, ela comecou a cantar, com uma letra inventada na hora, o grande sucesso do Carnaval daquele ano: "Oi zum-zum-zum zum-zum-zum-zum / Vasco dois a um / Ademir pegou a bola / e desapareceu / de um chute tao forte que Osni não defendeu".

Era, na opinião de Ademir Marques Menezes, a maior homenagem que recebera em toda a sua vida de jogador. Vida que começou nas peladas com bola de meia na praia do Pina, no Recife, onde nasceu a 8 de novembro de 1922, na Vila de Bico do Mocotolombó, filho do casal pernambucano Antônio Rodrigues Menezes e D. Otilia Menezes. O pai era vendedor de automóveis e diretor de remo do Sport Club do Recife, onde Ademir iniciou a carreira no infanto-juvenil. Em 1941, Ademir tornava-se tricampeão pernambucano pelo Sport. No ano seguinte, quando a Seleção Pernambucana estava no Rio de Janeiro - e com ela nove dos onze titulares do Sport -, o presidente do clube resolveu mandar mais alguns jogadores do Recife e dar início a uma excursão. Essa excursão do Sport ficou na história do futebol pernambucano. O Sport, jogando no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Sao Paulo, Curitiba, Porto Alegre e novamente Rio, perdeu quatro jogos, empatou dois e, pasmem, ganhou dez. Marcou 46 gols, sofreu 29.

O namoro entre o Vasco e Ademir começou no dia primeiro de março de 1942, quando o Sport, de volta do Sul, jogava outra vez no Rio de Janeiro, contra o Vasco. O Vasco tinha começado bem, vencia por 3 a 0, gols de Villadoniga(2) e Nino. Mas não contava com os "rushes" de um rapaz magro, cabelo repartido do lado e puxado para trás.

Foi assim, lançado em alta velocidade, que Ademir, aos 30 minutos do primeiro tempo, marcou o gol do Sport. Mal começava o segundo tempo, com 2 minutos, Valfredo diminuía. Aí se desenhou aquela avassaladora vocação para o gol. Em pouco mais de um minuto - aos 6 e aos 7 - Ademir, em duas jogadas sensacionais, conseguiu virar o jogo. Aos 18, Nino voltou a empatar. Mas, em outra jogada de Ademir, Pirombá, aos 27, marcou o gol da espetacular vitória do Sport por 5 a 4.

Depois do jogo, diretores do Vasco procuraram o velho "coronel" Menezes, pai de Ademir. Iniciavam-se as negociações para a compra do seu passe. Ademir foi o primeiro profissional a exigir luvas - 40 contos. Mas seu passe custou apenas 800 mil-reis.

O Vasco já havia comprado os passes dos Três Patetas - o trio atacante do Madureira, formado por Lelé, Isaias e Jair da Rosa Pinto, o Jajá de Barra Mansa. Com a compra de Ademir e Djalma, também do Sport, o Vasco ia superar mais uma de suas muitas crises. E montava, ao mesmo tempo, o supertime que passou a história como o "Expresso da Vitoria".

Em 1945, ano que marca a partida do fabuloso Expresso, Ademir era o titular do Vasco e de todas as seleções cariocas ou brasileiras que se formaram a partir daí. A linha do Vasco em 1945 era algo de espantar: Djalma, Lelé, Ademir, Jair e Chico.

Em 1946, numa de suas mais celebres tiradas, Gentil Cardoso, técnico contratado do Fluminense, disse: “Me dêem o Ademir, e eu lhes darei o campeonato.”

Gracas a Ademir, o Queixada, Gentil cumpriu a palavra. Ademir recorda o seu primeiro jogo, contra o Vasco. Além de uma vaia arrasadora, a social vascaína começou a gritar: "Papai, papai". Era a alusão ao velho coronel Menezes, encarregado de supervisionar os contratos do filho. Logo no início do jogo, Ademir recebeu o lançamento de outro pernambucano, Orlando Pingo-de-Ouro, e iniciou o rush, para bater inteiramente a defesa do Vasco. Cara a cara com Barbosa, em vez de chutar como era seu costume, driblou o goleiro e entrou no gol com bola e tudo. Com esta (1 a 0) e outras vitórias, o Fluminense acabou sendo o campeão de 1946. Ademir também marcou o gol único da decisão contra o Botafogo.

Mas essa passagem pelo tricolor - nada mais que momentâneo abandono do reduto de São Januário - não deu para marcar. O que marcou, inclusive no retorno glorioso, foi a carreira no Vasco. Somavam-se os títulos. Em 1945, fora campeão invicto e vencedor dos torneios Início e Municipal. Em 1948, campeão dos campeões sul-americanos, vencedor do Início e do Municipal. Em 1949, campeão carioca invicto, campeão sul-americano, artilheiro do Brasil. Em 1950, vice-campeão do mundo, artilheiro da Copa, bicampeão carioca. Foi o artilheiro dos campeonatos cariocas de 49 e 50, com 30 e 25 gols, respectivamente. Em 1952, campeão carioca e campeão pan-americano. Ademir marcou mais de 400 gols em 552 jogos.

A popularidade de Ademir era tão grande que, no Brasil inteiro, crianças começaram a receber seu nome.

No final de 1955, Ademir sentiu que devia parar. Queria retirar-se ainda como ídolo - mas os diretores do Vasco não concordaram. Foi então para o Sport, onde iniciara a carreira. E reverteu ao amadorismo, jogando algumas partidas em 1956. Seu último jogo foi contra o Bahia - o Sport perdeu de 2 a 0. Penduradas as chuteiras, tentou ser técnico de futebol no Vasco. Não deu certo. O clube pensava mais em política do que em bola.

Passou então a escrever crônicas na imprensa carioca, a comentar jogos pelo rádio.

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