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Data da publicação: quarta-feira, 19 de maio de 2010
Postado por Aqipossa Informativo

I Torneio de Paris


Um baile no Campeão Europeu

Grande parte do texto abaixo é uma transcrição do livro O Expresso da Vitória - Uma História do Fabuloso Club de Regatas Vasco da Gama, de Abraham Bohadana.

O Torneio de Paris nasceu em 1957 para ser o grande evento do calendário internacional do futebol francês. Para sua primeira edição foram convidados o Racing Club de Paris, um dos melhores times franceses da época; o Vasco, campeão carioca de 56, representando a escola sul-americana; o Rot Weiss Essen, uma das mais poderosas equipes da Alemanha; e, como grande atração, o Real Madrid, considerado simplesmente o melhor time do mundo.

E justiça seja feita, o Real era mesmo um timaço. Uma máquina, que tinha o "péssimo" hábito de golear seus adversários. Se a defesa era uma muralha, o ataque era avassalador, com destaque para o francês Raymond Kopa e sobretudo para Alfredo Di Stefano. Não era à toa que o Real, bicampeão europeu àquela altura, seguiria vencendo a Copa dos Campeões Europeus seguidamente até 1960.

O Vasco já havia enfrentado aquele poderoso Real Madrid quase um ano antes, em julho de 56, na Venezuela. Em três partidas, houvera uma vitória para cada lado e um empate - nos dois primeiros encontros, pelo torneio Pequena Taça do Mundo, vitória do Real por 5x2 na primeira rodada do turno e empate de 2x2 na última rodada do returno, resultado que inclusive deu o título aos espanhóis. A partida foi tão boa que Vasco e Real foram convidados a realizar novo encontro no dia seguinte, que terminou com a vitória vascaína por 2x0.

Na partida de abertura do torneio, o Vasco enfrentou o time anfitrião, o Racing, na noite de 12 de junho de 1957. Para surpresa geral, o Vasco botou os franceses na roda, deixando a torcida e a imprensa boquiabertos. A tal ponto que a vantagem de 1x0 no primeiro tempo (Livinho aos 22 minutos) foi considerada um presente para o adversário. E o placar final de 3x1 (Pinga aos 13 e Vavá aos 22, descontando Senac aos 44), um resultado injusto, que não refletia nem de longe o que fora a partida.

Na partida de fundo, confirmando as expectativas, o Real não tomou conhecimento do time alémão goleando-o por 5x0, com uma notável exibição de Kopa e Di Stefano.

Para a final do dia 14 de junho no Parc de Princes entre Vasco e Real Madrid, os espanhóis eram considerados amplos favoritos pela imprensa francesa. Após uma partida preliminar, que viu a vitória do Racing sobre o Rot Weiss pelo placar de 7x5, Vasco e Real entraram em campo para a final, diante de um público numeroso [38 mil] e ávido de emoções. E emoções não faltariam: aos 4 minutos, aproveitando-se de uma indecisão de Viana, Di Stefano colocava o Real em vantagem. O gol espanhol pegou o Vasco ainda frio e criou o cenário ideal para um europeu: um jogo agradável, uma noite maravilhosa, uma equipe brasileira habilidosa mas perdendo.

Foi então que, num passe de mágica, o Vasco passou de dominado a dominador. Seus jogadores começaram a tocar a bola com tal habilidade que a partida foi se transformando numa verdadeira brincadeira de gato e rato. O gol de empate, era óbvio, não tardaria. Aos 20 minutos o lateral direito Dario fez um longo passe transversal para Ortunho que, de primeira, enfiou para a corrida de Pinga. O grande ponta foi à linha de fundo e jogou para trás, para Válter, que soltou uma bomba que estufou a rede espanhola.

Entre estupefatos e divertidos, os franceses aplaudiram, sem saber que o melhor estava por vir. Qual um rolo compressor, o Vasco continuou o recital. Mesmo desfalcado de alguns titulares convocados para a Seleção Brasileira que disputava as eliminatórias da Copa do Mundo, o Vasco botou o grande Real Madrid na roda. De modo que ninguém se surpreendeu com o segundo gol. Aos 32 minutos nova jogada de Pinga pela esquerda, novo passe para a área, desta vez para o complemento de Vavá, o Peito-de-aço, enfiado entre os zagueiros espanhóis. Conquistados, os franceses ensaiaram um Vascô, Vascô.

Humilhado pelo banho de bola, o time espanhol voltou para o segundo tempo agressivo. Logo aos 8 minutos Mateos empatou, concluindo bela jogada de Kopa. Empolgados e apoiados pela torcida que já havia esquecido a exibição vascaína do primeiro tempo, os jogadores do Real resolveram ganhar no grito: Gento agrediu Pinga com uma cabeçada e o pau comeu durante 10 minutos.

Os ânimos haviam apenas serenado quando Ortunho entrou duro sobre Mateos, obrigando o jogador do Real a deixar o gramado. Como os espanhóis já haviam feito as duas substituições regulamentares, os dirigentes do Vasco se opuseram a substituição de Mateos, numa atitude que não contribuiu em nada para acalmar os ânimos.

A partida recomeçou e com ela o domínio do Vasco. Até que aos 21 minutos veio o terceiro gol. Uma obra de arte. Em jogada sensacional, Válter enfiou uma bola de curva para Livinho deslocado pela meia esquerda. Este, cercado de espanhóis por todos os lados, não pensou duas vezes: ao invés de tentar passar a bola para um companheiro desmarcado, simplesmente optou pelo impossível. Com um toque leve e sutil, tocou pelo alto encobrindo o goleiro espanhol.

Conquistados, os franceses aplaudiram. Desesperados, os espanhóis tentaram reagir na raça. Mas o Vasco tinha a partida nas mãos: aos 39 minutos, numa jogada acrobática que provocaria sua contusão, o meia Válter marcaria o quarto e último gol vascaíno.

Completamente abatido, o Real, num sobressalto de orgulho, se lançou a frente com todas as forças, conseguindo diminuir o marcador através de Kopa aos 44 minutos. A torcida, que no primeiro tempo tinha vibrado com o Vasco mas que durante a briga apoiara os espanhóis, vaiou quando após a saída a bola foi atrasada para o goleiro Carlos Alberto.

Depois do jogo, de cabeça fria, os franceses entenderam que tinham visto um espetáculo raro, embora doloroso para eles: o baile que os "sambistas" negros tinham aplicado no campeão europeu, considerado o melhor time do mundo. Vale a pena reler o que escreveu no dia seguinte Jacques Ferran no jornal l'Equipe:

"E então, bruscamente o Real desapareceu literalmente. Seriam as camisas de um vermelho pálido ou os calções de um azul triste que enfraqueciam a soberba equipe espanhola?

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